
Oposição precipitada pode comprometer o futuro de Piúma
É legítimo sonhar com o poder. Para muitos vereadores, almejar o cargo de prefeito é quase um o natural da carreira política. Afinal, quem não gostaria de ter em mãos a caneta que define os rumos de uma cidade? No entanto, entre o sonho e a responsabilidade há um caminho que exige maturidade, compromisso com a população e respeito ao processo democrático. E é nesse ponto que a atual oposição em Piúma parece estar se perdendo.
Ter oposição no Legislativo é não apenas saudável, mas essencial. O contraditório fortalece a democracia e impede que o Executivo governe sem questionamentos. Contudo, a oposição precisa ser responsável. Não se trata de fazer oposição por birra ou vingança, mas por convicções e projetos que visem ao bem comum. A atuação recente de alguns vereadores – especialmente após a proposta de emenda à LDO – acende um sinal de alerta preocupante: estaria a oposição legislativa colocando seus interesses pessoais e eleitorais acima do interesse público?
O vereador Alemão de Niterói, por exemplo, foi o mais votado da cidade. Sua expressiva votação foi, em grande parte, resultado do apoio recebido do atual prefeito Paulo Cola, da visibilidade proporcionada por cargos e ações durante a campanha e da estrutura que, sem dúvida, esteve à sua disposição. O mesmo vale para outros nomes da base que hoje tentam se desvincular da gestão, como Ruan, Jorge e Fabrício Taylor, servidor de carreira que conhece bem os impactos de decisões orçamentárias irresponsáveis.
A emenda apresentada à LDO pelos vereadores que estão “zangadinhos” tem potencial de comprometer seriamente a execução orçamentária do município. Em outras palavras, pode paralisar serviços essenciais, afetando diretamente áreas sensíveis como saúde, educação e assistência social. E não se trata aqui de defender o prefeito em si, mas de proteger a cidade de um colapso istrativo.
Se faltar verba, faltarão serviços. E quem pagará essa conta será o cidadão piumense, aquele que confiou o voto em vereadores que agora parecem mais preocupados em travar a gestão do que em buscar soluções para os problemas da cidade. É justo com a população usar o Legislativo como trincheira para antecipar disputas eleitorais? É ético? É inteligente?
O que se vê é um jogo de vaidades, onde antigos aliados se posicionam como adversários, não por diferenças ideológicas ou por um projeto de cidade melhor, mas por ressentimentos e cálculos políticos. Pior: fingem apoiar o prefeito em sessões públicas enquanto, nos bastidores, articulam para minar sua istração. A incoerência é evidente e perigosa.
A quem interessa o caos? Será que a estratégia é travar a gestão para, em seguida, oferecer-se como a solução? Se for isso, trata-se de um jogo cruel e arriscado – e que pode sair pela culatra. O povo não é ingênuo. Pode até ser enganado uma vez, mas tende a punir quem o trai na hora do voto.
Cuspir no prato que comeu é, no mínimo, uma demonstração de ingratidão. E a ingratidão, em política, costuma custar caro. A cidade de Piúma merece mais. Merece uma oposição propositiva, madura e comprometida com o futuro – não uma disputa precoce pelo poder que coloca em risco os serviços públicos e a dignidade da população.
Aos vereadores, cabe refletir: a quem vocês estão servindo? Ao povo que os elegeu ou a ambições pessoais? Que os próximos os sejam dados com responsabilidade, pois o prejuízo, se vier, será coletivo.